segunda-feira, 16 de julho de 2012

Desamparados, animais de rua ficam à mercê da sorte



Um cachorrinho que apareceu na Rua Dr. Genésio Salles, Vila Laura (logradouro em que resido, aliás) foi morto, no último mês, a tiros, por um jovem policial. Justificativa: o cachorro o mordeu e ele teve que matá-lo. Soube, esses dias, que uma cadelinha, "moradora" da mesma rua há cerca de quatro anos, também foi "jurada de morte" por um outro indíviduo que, ao que parece, é igualmente policial.

Até entendo a revolta de quem é mordido por um cachorro da rua, mas é necessário, mesmo, tomar essa atitude? Devemos lembrar que o cão, ao contrário de nós, não é um ser racional. Ele responde somente aos instintos. Ele não sabe a diferença entre o que é certo e errado.

Essa situação, em grande parte, é causada pela Prefeitura Municipal de Salvador e pelo Ministério Público do Estado. Em 2004, o Ministério indicou pela não-captura dos animais pelo Centro Controle de Zoonoses (CCZ) por conta de maus tratos e abusos no momento em que cães e gatos eram recolhidos da rua. Para resolver o problema, no mesmo ano, na gestão do prefeito Antônio Imbassahy, foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com os dois órgãos públicos e com a Associação Brasileira Protetora dos Animais (ABPA) e a Associação Bicho Feliz. O objetivo deste documento era, justamente, regularizar a situação de coleta dos animais de rua. 

Acreditem se quiser, a situação, após oito anos, é a mesma. O CCZ continua sem poder recolher os bichos das ruas e ninguém mais realiza este serviço. Salvador está lotada de cães e gatos, 45 mil, que podem passar doenças para humanos, como sarnas, micoses, leishmaniose (Calazar) e Raiva. 

É triste ver que a nossa cidade vive uma situação de barbárie por pura incompetência dos órgãos públicos que são incapazes de retirar, com parcimônia e respeito, os bichinhos que vivem nas ruas soteropolitanas, obrigando-os a ingerir lixo, reproduzir descontroladamente e serem alvo de pessoas que, revoltadas com mordidas e ataques, resolvem fazer "justiça" com as próprias mãos.

Aonde iremos chegar?

Um comentário:

Fernanda B disse...

Muito triste essa situação. Se os morderam é porque sabiam que boa gente não era! Confio nos cães.