terça-feira, 31 de janeiro de 2012

DJ´s de Buzu: 8ª praga bíblica

Para chegar ao trabalho tenho que pegar um ônibus todos os dias. Apesar de o trajeto ser relativamente curto, há tempo suficiente para se estressar. Ao entrar no coletivo, hoje pela manhã, me deparei com um rapaz ouvindo um ‘pagodão’ naquelas insuportáveis caixas de som portáteis. Sem se preocupar com a saúde auricular dos outros passageiros, o fã da Black Stile – banda baiana que mistura o som do cavaquinho com as batidas marcantes do funk carioca – ecoava a agitada música pelo buzu (apelido dado pelos soteropolitanos ao transporte coletivo) inteiro, com um volume tão elevado, que mesmo estando com os dois fones de ouvido, também com o som alto, eu conseguia ouvir cada verso da canção. Não fosse a violência que impera na capital soteropolitana, eu teria ido reclamar com o jovem, manifestando a minha insatisfação com o desrespeito dispensado aos demais usuários do transporte de massa.

Desde o lançamento desse terrível emissor de som, é possível observar, nos ônibus que circulam por Salvador, todo tipo de caixinhas portáteis: coloridas, com formatos que imitam os mais diversos bichos, com acabamento em madeira... Enfim, há uma variedade que parece não acabar mais. Os preços também variam. Nos sites de compra, é possível observar equipamentos que custam de R$19 a R$ 100 e que acumulam potência de até 28 watts.

Quem inventou o equipamento não pensou que ele seria usado de maneira inconveniente e, muito menos, que seria utilizado em meios de transporte público. As pessoas fazem brincadeiras sobre campanhas para disseminar a não-utilização das pequenas caixas de som em locais públicos, mas eu creio que a Prefeitura Municipal de Salvador deveria, de fato, mergulhar de cabeça na questão, que, a meu ver, é um caso de bem-estar público e, acima de tudo, de respeito com o próximo.

No ano passado, um projeto de Lei, elaborado pelo vereador David Rios, foi encaminhado à Câmara Municipal da cidade Salvador, com o intuito de vetar a utilização das incômodas caixas de som, pelos denominados DJ´s do Buzu, nos coletivos que circulam pela cidade e também por localidades adjacentes. A iniciativa indica que o governador Jaques Wagner envie à Assembleia Legislativa da Bahia uma proposta, acompanhada do projeto de lei, proibindo o uso indiscriminado dos equipamentos sonoros. Caso seja sancionada, a lei exterminará as músicas altíssimas dentro dos ônibus, e o passageiro que não respeitá-la estará sujeito a sanções.

Só nos resta orar para que a medida seja aceita pelos deputados. Não é possível continuarmos reféns da péssima música, disseminada em alto e bom tom, indiscriminadamente dentro de veículos que somos obrigados a entrar para garantir o sustento de cada dia.