quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Racismo às avessas - Nega do cabelo duro é barrada em Camaçari por deputada do PT

Quem diria que, após 26 anos de seu lançamento, a música ‘Fricote’, eternizada pelo cantor baiano Luiz Caldas, seria alvo de polêmica? A deputada Luiza Maia (PT) fez um anúncio, nesta quarta-feira (21/12), no qual informou que entrará com uma moção de repúdio ao artista, por ele ter tocado a canção, que leva no refrão o verso “nega do cabelo duro, que não gosta de pentear”, durante apresentação no 1º Festival de Jazz e Blues de Arembepe, distrito de Camaçari. Vale salientar que a política é autora de um projeto de lei que visa proibir o poder público de contratar bandas cujas letras possam ser ofensivas às mulheres.


Eu sempre comento com meus amigos que, às vezes, os mais racistas e sexistas são os próprios defensores das raças e sexos que enxergam preconceito em tudo que veem. A música, lançada em 1985, é um ícone da cultura baiana e foi escrita num período que reinava a inocência e molecagem, ao contrário da sociedade individualista e maliciosa que temos nos dias de hoje.


Se essa tal deputada deseja coibir atos de violência e ofensas contra as mulheres, que ela crie uma lei ainda mais rigorosa que a Maria da Penha, o que eu duvido, aliás, que ela seja capaz de fazer. Não é buscando mecanismos mesquinhos e ínfimos que o total respeito às mulheres será alcançado.


Sabe o que eu acho graça? Essas novas bandas de pagode baiano que estão estouradas por aí tratam as mulheres como se todas fossem verdadeiras vadias, no pior sentido da palavra, e exibem, durante os shows, cenas chocantes, como a simulação de um ato sexual entre os vocalistas e as indóceis fãs. E aí, deputada Luiza Maia? Isso não te incomoda, não? Será que isso não é mais ofensivo do que um verso, composto há mais de duas décadas, sobre uma negra de “cabelo duro”?


Um dos singles da banda A Bronkka, por exemplo, traz na letra a épica frase: “Eu vou tomar banho de rio/ Eu vou pescar e comer piranha/ Eu vou tomar banho de rio/ Eu quero ver você...”. Percebam que a letra faz uma clara alusão a uma mulher, que segundo eles é uma piranha, no popular uma mulher ordinária.



É claro que as mulheres e todos os seres humanos devem ser respeitados. No entanto, é preciso definir prioridades e realizar ações que, de fato, contribuam para a mudança de mentalidade de certas pessoas que se acham melhores que outras, não só por conta das genitálias que possuem, mas também pelo status social, credo, raça, opção sexual etc.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Estação da caca: Lapa permanece em situação degradante

Por conta de um evento para o qual fui designada a ir pelo trabalho, tive que pegar ônibus na Estação da Lapa neste início de semana. O que vi me deixou extremamente horrorizada: chão úmido e sujo; escadas com cocô humano coberto por areia; lixo por todo o canto; e um ambiente tão sinistro, mas tão sinistro, que poderia servir como cenário de filme de terror.

Essa situação degradante pode ser vista nos pavimentos que ficam acima do solo, entretanto, o nível subterrâneo consegue ser ainda pior. Eu nunca tive que pegar o transporte coletivo no subsolo da estação, mas descobri que o ônibus que passa pela rua em que resido resgata os passageiros neste nível do terminal. A cada passo que eu dava, o odor fétido ia inundando minhas narinas e a crescente escuridão me dava a sensação de estar num porão de um navio negreiro.

É triste observar que um equipamento tão cheio de história e tão importante para a população soteropolitana está, literalmente, sitiado. Aquilo lá não tem o gostinho de ser, verdadeiramente, ADMINISTRADO há muito tempo! Como diria o criativo Zeca Baleiro, a Estação da Lapa está como um " barco sem porto, sem rumo, sem vela, cavalo sem sela" e a situação, infelizmente, tende a piorar.

Estamos, praticamente, no final da gestão do prefeito paspalho João Henrique e não será agora que ele irá realizar qualquer mudança. Muito pelo contrário. A prefeitura é tão consciente da sua incapacidade para gerir, que anunciou, em setembro deste ano, que Elevador Lacerda, Estação da Lapa e planos inclinados Gonçalves, Pilar e Liberdade/Calçada deverão ser privatizados. A justificativa dada pelo secretário municipal de Transportes é a de que é preciso melhorar a qualidade de atendimento para que se possa praticar um preço justo e, assim, a população tenha condições de pagar e os custos operacionais sejam cobertos, para que Salvador tenha os equipamentos, em questão, adequados.

Os impostos que pagamos servem para quê mesmo? Ah... Lembrei! Para colocar no bolso desses incompetentes, enquanto temos que circular pela cidade utilizando estruturas no mínimo inadequadas, sentindo cheiro de mijo e esgoto.

Fazer o quê, cidadão?


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Crime em duas rodas - onda de assaltos cometidos por motoqueiros vira tsunami

A criminalidade, não só em Salvador, como no Brasil inteiro, está tomando proporções tão gigantescas, que a Segurança Pública está tendo que treinar agentes no combate a diferentes modalidades de crime. Na Bahia, por exemplo, a Polícia Civil decidiu criar uma unidade especial de motociclistas. O intuito é enfrentar os criminosos que utilizam motocicletas para realizar assaltos e até latrocínios - roubos seguido de assassinato - e que tem maior poder de fuga.

Informações da coluna Tempo Presente, do jornal A Tarde desta terça-feira (06/11), dão conta de que uma equipe, formada por 17 policiais civis, está sendo treinada para enfrentar este tipo de crime no Esquadrão Águia, da Polícia Militar (PM).

Em São Paulo, a preocupação é ainda mais aguda. Recentemente, no dia 23 de novembro, foi aprovado pela assembleia estadual um projeto de lei que determina a proibição de garupas em motos no estado. A medida, caso seja sancionada pelo governador Geraldo Alckmin, impedirá a circulação dos pilotos e seus caronas nos dias úteis (segunda a sexta-feira).

O objetivo deste projeto de lei é conferir mais segurança aos próprios motociclistas (dados da Companhia de Engenharia de Tráfego apontam que o número de condutores e caronas das motos vitimados, fatalmente, em acidentes de trânsito aumentou 11,7% em 2010). Outra justificativa para a proibição das garupas é diminuir a quantidade de assaltos em que duas pessoas em uma motocicleta atacam motoristas parados no trânsito ou clientes que saem de agências bancárias. Conforme o projeto cita, a porcentagem de motoqueiros envolvida em crimes contra o patrimônio chega a 61,5%.

Não se pode deixar de notar que, no caso de São Paulo, a medida é enérgica - minha opinião - e deverá prejudicar inúmeros inocentes que ficarão impossibilitados de levar filhos, maridos, esposas, namoradas, colegas ou o que mais lhes aprouver para dar um passeio, ao trabalho, ver um filme... Me parece que a solução criada pela polícia baiana, desde que dê resultados, é mais eficaz e agride menos a sociedade.

É triste perceber que o nosso livre-arbítrio está sendo bloqueado pelas ações de mal-feitores que, além de nos roubar, matar, sequestrar e sabe-se lá mais o quê, obrigam as autoridades a investirem dinheiro de impostos, que poderiam ser injetados em saúde e em educação, na luta cruel contra o crime.

Oremos!